quarta-feira, 1 de julho de 2015

Sobre aceitar quem você é de verdade

Eu emo -> orkut 2007
Primeiramente devo dizer a vocês que este post é grande, só avisando. Bem, eu sempre fui uma pessoa extremamente insegura. De verdade, nunca acreditei em mim mesma em nada. Nunca achei que pudesse chegar em algum lugar de fato. Isso talvez é resultado do meu passado e também tem uma parcela de culpa da minha "família", pois nunca me colocaram para cima, infelizmente isso é uma verdade para mim. Contudo, o meu processo de aceitação própria infelizmente foi duro e cru, sem direito a anestesia, além disso foi muito solitário e extremamente demorado...

---> Aqui do lado uma foto da época que eu era "emo". Eu tinha 11 anos. Foi a época eu conheci a moda alternativa e ficava horas no orkut babando em fotos de alt models. Eu não ligava de usar roupas "emo" e eu usava o cabelo como está na foto kkk... Eu conhecia algumas meninas "alternativas" na época, que usavam piercings, cabelos coloridos, maquiagem mais escura e roupas diferentes... Enfim eu já disse isso por aqui neste post.

E eu era feia pra cacete! (Voltando.) Começando pelo fato de que eu nunca fui feliz na minha vida. De verdade. Eu não me recordo nenhuma vez de ter passado um feriado legal com a família, com meus amigos... e quando isso acontecia eu me sentia muito sozinha diante de tanta gente. Um vazio tão grande, parecia que eu tinha perdido alguém. Eu sofria muito pela minha aparência, eu odiava meu corpo, meu rosto, meu cabelo... olhar no espelho era um pesadelo para mim, tanto que tenho pouquíssimas fotos, mas fingia que isso não me atrapalhava.

Sobrancelhas? Nunca fiz.
Porém ninguém percebia isso, já que eu sempre me mostrava "autossuficiente", não precisava de ninguém para ser "feliz", eu era engraçada, fazia piadas, ria bastante, ninguém percebia tal sentimento de tristeza que pairava sobre mim todos os dias. As pessoas zoavam da minha cara, riam de mim todos os dias, falavam muito do meu cabelo, me chamavam de Bob Esponja, Bombril, cabelo de fogo porque eu tinha o cabelo queimado meio avermelhado, me falavam que eu era feia, que eu nunca iria achar um namorado na vida, porque eu era muito feia, tanto que me fizeram o lindo favor de fazer uma votação das meninas mais feias da sala, e acreditem: me elegeram como a mais feia da sala, porque meu cabelo era queimado, não usava maquiagem, não fazia o que as outra meninas faziam, porque eu não nunca estive na moda, sempre usei o que me era conveniente e não usava maquiagem, apenas lápis preto, porque foi a única coisa que eu gostava de usar. E até hoje é, por incrível que pareça.

Daí eu comecei a ficar a cada dia pior, comecei a perceber que não conseguia mais controlar a tristeza que escondi há tanto tempo...  não queria mais me arrumar, não sentia mais vontade de fazer nada, quase repeti a 7ª série, porque eu faltava 3 vezes por semana, e quando eu ia eu cabulava e ficava na biblioteca ou ouvindo música (emo feelings). Na verdade eu nunca gostei de estudar... e agora tinha piorado tudo. Eu já estava com depressão, mas na época não sabia muito bem o que estava acontecendo, porque eu pedia ajuda a minha família, mas além de achar que se tratava de uma birra, não sabiam muito o que fazer. Daí eu me fechei para todos, me tornei muito antissocial desde que estas coisas começaram a ter um impacto maior sobre mim. Eu tomei ódio incontrolável a garotos, porque as ofensas que eu ouvia eram feitas por eles, portanto eu tomei nojo, ódio, repugnância total. Eu já cheguei até pensar muitas vezes em suicídio, mas acho que não cometi por puro medo.

No Ensino Médio eu fui para o São Luís, um colégio jesuíta  que dá bolsas de estudos para os melhores colocados, pois na 8ª série eu tive de estudar bastante acabei conseguindo bolsa integral. Foi lá que meu conceito de vida mudou, porque foi lá que encontrei professores de verdade, que ensinam antes ser um cidadão, antes de você ser um aluno de vestibular. Foi lá que aprendi sobre o feminismo, sobre o racismo e uma coisa chamada opinião própria, além disso, conheci a ♥ sociologia ♥... Comecei a perceber que quem estava errado não era eu e sim o mundo ao meu redor, as pessoas ao meu redor... e assim, aos poucos eu fui sendo mais eu e menos os outros. Tanto, que depois de muitos anos de depressão só agora eu consegui ter vontade de me arrumar, de sair, de usar as roupas que eu gosto, de ser quem eu realmente sou. 3 anos de psicólogo para me fazer descobrir que quem estava errada não era eu.

Eu saio na rua do jeito que eu quiser e não me importo com o que as pessoas vão achar. Tem gente que diz que estou mais bonita, que eu cresci e mudei bastante, afinal quando você é você mesmo a gente fica mais bonito, bonito por se amar da forma que é, sem pressão de ninguém.

Então se você não se ama ou se aceita nesta altura do campeonato, tente rever seus conceitos, às vezes você quer fugir de si mesmo, e isso é impossível. Seja você mesmo e as pessoas vão te amar da forma que você é, não pelo que você aparenta ser.

Estou falando sobre isso aqui porque recentemente descobri que sem querer eu abro a mente de muitas meninas, principalmente as blogueiras/leitoras negras aqui da blogosfera. Isso significa que estou seguindo o trajeto certo! Não estou querendo me gabar, estou dizendo isso porque eu nunca acreditei que fosse chegar a tal ponto e fazer tanta gente (sim, pra mim é muita gente) olhar para si mesmo com orgulho. Isso é maravilhoso e eu só tenho a agradecer a todas as leitoras daqui por proporcionarem tamanha felicidade!

E deixem o botão "foda-se" sempre pressionado. E obrigada por ter lido até o final. <3 br="">
Beijos!