segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Sobre largar a faculdade e a romantização do sofrimento

Eu não sou niilista, sou realista e, se você pensa em desistir da universidade, é bom ler este texto. Pra falar a verdade, nem sei mais o porquê que insisto em escrever. Mas às vezes eu percebo que a minha conclusão vai ajudar outras pessoas, mas minha constante baixa auto estima ou sei lá o que (paranoias) insiste em me dizer que este lugar é insignificante e que meus posts não vão ajudar ninguém, mas como diz aquela linda frase: "não desista, você pode estar inspirando alguém", eu irei proceder com alguns posts por aqui, mesmo que aleatórios. Não quero abandonar este blog, afinal tenho minha vida aqui também. Enfim.

Agora volto na vida profissional. Penso em largar a faculdade porque não me sinto preparada para tal, nem sei que curso quero direito, só tenho 20 anos e ainda tenho muito o que viver para descobrir o que eu gosto e quero fazer. Às vezes fico pensando se estou seguindo o fluxo ou estou fazendo o curso porque realmente quero. Não que eu não gostasse do curso, mas é que me sinto aprisionada aqui, como se a minha obrigação fosse apenas este curso. Não quero isso pra mim. Quero viajar, ter dinheiro, trabalhar (coisa que não posso aqui), quero voltar a dançar e, quem sabe profissionalmente, quero comprar as minhas roupas, meus sapatos, aqui eu me sinto um parasita adulto que vive as custas dos pais. E realmente me sinto muito mal vivendo as custas deles.

Quero achar a minha liberdade, coisa que ainda não tive, mesmo morando sozinha atualmente, em uma cidade distante dos meus pais. Eles gastam comigo cerca de 800 reais no mínimo, apenas comigo. E mesmo assim eu ainda não consigo enxergar algo de bom nisso. Vai fazer 1 ano que estou aqui e mais de 10.000 reais foram gastos em não sei o quê. Se estou feliz? Não sei. Não sinto que estou contemplada com a mudança e, a cada dia que passa, sinto que fui muito impulsiva em ter me mudado pra cá. Primeiro sinto que me mudei mais pelo fato da minha família estar completamente desestruturada e não aguentar mais estar presente na minha casa (realmente se não tivesse me mudado eu ia surtar) e outra que eu podia ter ido para Curitiba fazer o curso que eu realmente queria na PUC (Design Digital), mas fiquei naquela do status social que uma universidade pública oferece, por isso escolhi a Unesp. Mesmo Curitiba sendo meu destino dos sonhos, optei pela Unesp em Bauru, por ser a universidade dos meus sonhos.

Só que assim que cheguei por aqui, vi que a realidade é  bem diferente da expectativa e a gente cria expectativas demais da universidade (principalmente a pública). A gente acha que tudo vai ser festa e que a gente vai aprender tudo que desejamos lá dentro, vamos fazer amizades e viver naquele clima de festa eterna que o 1º semestre proporciona. A verdade é que a gente aprende que estamos sós e que você tem que se virar sozinho ou vai sofrer muito.

Acho que a gente tem uma visão distorcida do que é "vencer na vida". A gente nasce aprendendo que nós precisamos crescer, estudar no ensino médio, (perder o bv / virgindade), estudar para entrar numa faculdade, namorar, fazer faculdade, nos formar, trabalhar, casar, ter filhos, trabalhar mais para comprar casas, carros e se aposentar, para "usufruir" de tudo aquilo que batalhou a vida inteira.

Você literalmente vive pra trabalhar, trabalha pra comer, sobrevive pra chegar logo a hora de se aposentar e, quando ficar velho terá pouco a se fazer, afinal boa parte da sua vida já se foi e você mal aproveitou. Pode até ser a opinião vinda da boca (ou do texto) de quem ainda viveu muito pouco (ou não), mas acredito que se temos uma única vida, por que parecemos que somos obrigados a cumprir o legado do "homem de bem" mesmo que seu inconsciente diga ao contrário?

E é aí que entra a faculdade. Parece que se a gente não entra em uma universidade somos taxados de inferiores, desinteressados, fracassados. E como se não bastasse, o mundo cria uma expectativa estratosférica a cerca da universidade, como podemos ver em filmes que nos sentimos inferiorizados se não fazemos tudo aquilo que um típico e genérico universitário faz.

Já se sentiu completamente vazio após ir a uma festa universitária? Bebidas, drogas, sexo casual, festas e notas baixas não faz de você uma pessoa feliz. Talvez se você goste de se inserir em padrões pré-estabelecidos e tem dificuldade de aceitar ou conhecer sua própria personalidade. É sempre a banalização do aprendizado e a supervalorização do rebelde (Playboy) sem causa. A valorização de um riquinho mimado que o papai banca todos os gastos com futilidades e as saídas, inclusive a gasolina do carro e as contas do motel.

Mas se a gente não encontra felicidade nestas coisas, aonde é que está a verdadeira felicidade? Eu sinto que a felicidade está muito além desta cultura que vivemos, dessas festas, desses relacionamentos sem essência nenhuma, da universidade que está cursando, enfim. A felicidade está sim em momentos, afinal já percebeu que só temos controle do presente? Sim a gente só pode controlar o presente, através de decisões que tomamos. Se guiar por aquilo que nos move acima de tudo é o que importa. E o que eu quero dizer com isso tudo? Que nem sempre faculdade vai te fazer feliz, talvez você não tenha nascido para cursar uma universidade. E você não é pior do que ninguém por isso, nem melhor também. Às vezes a gente não tá feliz consigo mesmo porque não nos libertamos de alguns padrões que a sociedade nos diz que seremos felizes apenas se concluirmos.

"Mulheres! Tenham filhos! Só uma mãe sabe o quanto é lindo ser uma." Mas quem disse que eu preciso ter filhos para saber que ser mãe é bom? Ou melhor, pra mim ser mãe não tem nada de bom ou bonito, é só sofrimento, um masoquismo sem fim. É cuidar de filho de madrugada, amamentar, levar na escola, fazer comida, aguentar choro, educação de qualidade, cursos, gastos e mais gastos, médicos, remédios, desgaste físico e psicológico... Enfim, sou curta e grossa mesmo. Essa romantização estúpida não tem lógica nenhuma pra mim. Acho que quem aguenta tem fôlego? Sim, mas não acho elas superiores a ninguém. Aliás, romantização de qualquer sofrimento é estúpida. A gente, desde novos somos obrigados a acreditar que se aquilo não for conseguido com esforço não possui valor. Você precisa se machucar, sofrer, chorar muito para conseguir algo no futuro, senão não há valor algum. Que legal.

A mesma coisa serve para relacionamentos. Você só namora se o cara insistir muito ou faz o famoso jogo do desinteresse. Se ele(a) demorar 2h pra mandar mensagem, você só manda 4h depois... e assim um relacionamento que poderia já ter começado e provavelmente virado namoro não sai da mesmice, por que? Porque você faz cu doce. Por que não demonstrar logo que possui interesse? Por que ficar nesse joguinho que atrasa a vida de todo mundo (inclusive a sua)?

Eu vivo como se cada dia fosse o ultimo, não estou preocupada com o futuro, me preocupo com o presente. Meu maior sonho do futuro é chegar aos meus 65 anos, olhar para o passado e se orgulhar de cada passo, cada experiência vivida e ter muito o que contar para os meus filhos e netinhos (heuahuehasu). E percebi através disso que a felicidade não é nada mais do que viver o presente, experimentar e não ter medo de cair de cara, enfrentar mesmo, não ter medo de nada. É não tendo medo de morrer que você vive de verdade.

Beijos de luz.