quarta-feira, 4 de março de 2015

A Hipocrisia da Cena Underground: Contradições e Conformismos

Hipocrisia? Aonde? Senta que lá vem história
Gente, nem sei por onde começar este texto. Primeiro desculpas pela demora de responder os comentários, pelo tema deste post por ser MUITO amplo e porque são tantas coisas revoltantes para escrever que nem sei qual delas seria a pior, mas enfim... o que eu sei é que eu estou muito confusa e ao mesmo tempo desanimada em relação à cena alternativa como um todo e, como este é antes de tudo um blog pessoal, deixo meus desabafos aqui com a intenção de que alguém leia fria e cautelosamente, já que às vezes minha opinião é bem forte e não consigo ser muito imparcial (desculpe-me).

E não, eu não resolvi abandonar o mundo alternativo, primeiro porque ele está dentro de mim e porque eu não abro mão de uma ideologia ou uma ideia a qual eu tenho profunda compatibilidade, portanto não foi dessa vez! Não enfraqueço tão fácil assim. '-' Inimigas, favor chorar na Cantareira.

Bom, o que eu queria falar mesmo é sobre algumas contradições que infelizmente não fazem sentido algum e alguns conformismos da cena alternativa, como por exemplo algumas regras estúpidas irracionais as quais nem percebemos que estamos seguindo.

Bonitim ♥
Para mim é a principal contradição da cena underground começa pelo fato de eu me autodenominar alternativa mas eu tenho que "seguir um único modo de se vestir" e de ser, mesmo estando no mundo "alternativo". Falo sobre isso porque no dia que eu saio diferente do que eu estou acostumada a vestir as pessoas já me perguntam o que está acontecendo comigo, se eu tô com febre... etc. Já que é um mundo alternativo, por que que eu não posso escolher como eu vou me vestir e o quê que eu vou ouvir?

Já pararam para pensar sobre isso? A gente quer fugir do tal do "mainstream" alienador que muitos alternativos tanto gostam de cuspir na cara dos outros, mas mal sabem estes que, no fundo, estamos fazendo uma alienação invertida, porque a partir do momento em que se denominamos "góticos" por exemplo, somos praticamente obrigados pelos outros góticos a seguir o estilo à risca, ouvir as suas músicas e sabê-las de cor e assistir a todos os filmes, ler todos os livros e não questionar ponto algum da cena, porque senão você não é um gótico, e sim um "wannabe", "poser", sei lá.

 :)
E se eu quiser ser gótica feat. pin-up? E se eu gostar de dreads? Isso não seria aceito caso eu estivesse em um mundo alternativo? Afinal estou sendo eu, uma pessoa que cria formas alternativas de se vestir. Há algo de estranho nisso?

LOL
Sabe aquela hipocrisia de que todo menino headbanger tem que ter cabelos longos e ser "grandão" e machão? Se for mais magro ou baixinho, se seu cabelo não for longo ou se ele é meigo torna-se menos considerado do que os outros. Mas e se ele não quiser ter cabelo grande? Isso não é uma decisão dele? Afinal o cabelo é dele e além disso, qual é o problema de alguém ser magro? Esse negócio de ter tanquinho não é uma característica do mundo mainstream o qual "a gente tem tanto repúdio"?

Como pode, em um ambiente que se diz alternativo, concordar com que as pessoas tentem a se igualar a padrões cada vez mais impossíveis de serem alcançados, sendo que a ideia inicial é simplesmente "ser você mesmo"?

Sabe aquelas revistas de metal, por exemplo insistem em vender mulheres peladas ou seminuas em 90% das edições apenas para lucrar em cima dos homens que consomem estas revistas, assim como as revistas masculinas de massas como a Playboy fazem? As mulheres sempre devem ser musas perfeitas, com seus cabelos perfeitos e corpos esculturais, rostos angelicais... E a bosta do Suicide Girls, site que se diz "quebrar preconceitos" mas que não tem UMA, uma modelo plus size ou negra, se quer... Que porra é essa?

Será que todo mundo que está inserido na cena metal tem mesmo este padrão de vida que eles insistem em colocar em suas revistas? Hm, mas não é uma revista de música e estilo de vida alternativo?  Será que todas as mulheres que ouvem metal se comportam daquela forma e se aparentam àquelas da revista? Meu sincero NÃO.

É disso que estou falando. Eu estou cheia de ter que debater todos os dias com gente que está no mundo alternativo e se diz libertário, mas que me diminui por eu ser negra ou gorda ou rebaixa alguém por ser homossexual ou por usar as roupas que o seu salário consegue comprar, ou seja, este ser não passa de um filhinho de papai metido a playboy querendo fazer rebeldia sem causa.

Ashley Sugarface ♥
Isso me lembrou também esses músicos que montam uma banda, metem pau em alguma coisa, o cara se diz contra o sistema, contra o cacete e depois se converte para evangélico e se arrepende de tudo que fez. Retardado? Eu sei lá, talvez alguém sem personalidade.

Na verdade essas pessoas sem personalidade estão impregnadas no mundo alternativo por terem uma visão superficial do que ele representa. Meu bem, ser alternativo não é apenas isso. Não adianta se vestir tr00 from hell 666 made no colo de satanás se a sua mentalidade é a mesma de um velhaco reacionário fascista de 78 anos que veste um paletó. Isso não é revolução meu jovem, você está fazendo isso errado. Isso é muita falta de porrada nessa tua cara, isso sim.

Às vezes, chego até a achar que talvez EU esteja errada. Errada por acreditar que o mundo alternativo tinha uma percepção diferente do mundo alienado e egocêntrico que a gente vive. Que as pessoas pudessem ser quem elas realmente são sem sofrer preconceito algum, um mundo em que elas se respeitam e se aceitam, independente se os seus gostos se diferem... Talvez seja isso. Talvez eu seja também uma comuna irritadinha e que eu mereça morar em Cuba, no colo do Fidel Castro K K K K K K K K K

Beijos!