sábado, 13 de fevereiro de 2016

Sobre magreza extrema e "magrofobia"

Magérrima? Palitinho? Será?
Não precisa dizer nada né? Deu para perceber somente com esta foto que eu não chego nem mesmo aos 55kg em 1,70m. Só que eu estava/estou passando por uma fase emocional bem complexa, o que me causou uma alopecia (queda de cabelo) e perda de peso, resumindo... Estou ainda mais magra que o "normal", pois pesava 56kg no começo de 2015 e atualmente peso 49kg. Isso se deve a fatores genéticos (tenho tendência a ser magra, bem magra) e ansiedade que, ao invés de me fazer comer, me faz ter nojo de comida...

Mas aonde eu quero chegar com tudo isso? Na verdade eu quero chegar a um conceito que ultimamente tenho visto pela internet chamado "magrofobia". Em que pessoas magras que ficam ofendidas ofendidas com termos pejorativos ao seu biotipo e se sentem inferiorizadas. Mas, cá entre nós gente? Vocês acham mesmo que existe magrofobia? Eu, como magrela, posso dizer que sim, já fui alvo de piadinhas na escola, mas se liga nesta humilde parábola que eu vou contar para vocês: no meu ensino médio, um garoto na escola me disse que, para eu arranjar alguém, eu deveria "engordar" um pouquinho mais, pois eu sou muito magra... Na época eu não entendia o que era isso, mal sabia o que era feminismo também, então como ele era gordo eu mandei ele malhar um pouquinho, porque as garotas não iriam querer ele gordo e fedorento como ele era. Daí foi o turn down for what do dia e, mesmo eu sendo ridicularizada pelo meu corpo, quem ficou ridicularizado no final foi ele com a minha resposta. E sim! Porque ele era gordo!

Percebam que eu saí "vitoriosa" neste momento, porque apesar de tudo, meu corpo, mesmo sendo magro, é mais próximo do padrão de beleza estabelecido do que um corpo gordo, então ao mandar ele malhar um pouquinho, eu além de ter dito que "errado é ser gordo", associei a palavra "gordo" a um esteriótipo de inferioridade, chamando-o "fedorento". É, ninguém me chamou de magra fedorenta, muito menos que eu como feito uma porca, não me diminuíram ao nível de um animal irracional por conta do meu peso e pela forma que eu como. Para vocês terem uma ideia, antes desta minha fase quase que anoréxica eu comia feito uma louca mesmo, tipo barras e barras de chocolate, salgadinhos e diversos lanches, comia três pedaços de pizza por semana e nunca fui associada a uma porca por conta da minha gula. Vejam por outro lado, se eu fosse gorda, todo mundo iria falar: "também né, tá gorda por causa disso" ou pior: "come feito uma porca, baleia gorda!" e outras expressões ridículas que nem vale a pena colocar por aqui.

Gisele Bündchen 
Mas aí tem gente que fala: ah, mas me chamam de pernas de sabiá, passarinho, palito e la la lá. Tá, isso é uma verdade, mas vamos direto ao ponto. Aqui no Brasil, há um padrão de beleza que inverte um pouco o padrão estabelecido na Europa por exemplo. Na Europa, quanto mais próxima do padrão Gisele Bündchen você for, mais valorizada é a sua aparência. E me digam, o que é o corpo de Gisele Bündchen? Magreza em um corpo altíssimo, pele clara e olhos claros, além de seus cabelos serem socialmente aceitos por serem ondulados e claros (não sei se ela tinge, mas foda-se). Enfim, o que eu quero que vocês entendam é: magreza é muito mais associada a "virtude" do que a um "defeito".

Eu já ouvi muita piadinha sobre o meu peso, mas na mesma proporção dos xingamentos já ouvi também muita gente falar: "nossa, mas você magra assim e com essa altura deveria ser modelo" ou "você tem pernas de boneca" ou "você tá bem magra, mas é só ganhar um pouquinho de massa muscular e seu corpo ficará perfeito". Uma listá imensa de frases que não caberia aqui neste post. Para vocês verem, se eu fosse gorda, ninguém falaria: "nossa, dá pra ser modelo com esse corpo" ou "você tem pernas de boneca", muito pelo contrário, iriam dizer que ou eu sou preguiçosa: "deveria malhar para ver se perde esse peso" ou eu sou glutona e sofro de ansiedade, além disso iriam assimilar o meu biotipo ao corpo de um animal e pior, associariam o meu peso a minha situação amorosa ou capacidade de amar, além da libido, como se pessoas gordas não pudessem transar, ou namorar ou casar e terem filhos.

Eu
Percebam também que o padrão de beleza europeu é seguido pelo resto do mundo, salvo raras exceções, portanto um magro está muito mais próximo do socialmente aceito do que um gordo. Engulam isso. Simples gente, magrofobia não existe, o que existe é um machismo maldito imposto em cima das mulheres, para que elas adequem se ao padrão de beleza que os machões acreditam que deva ser o certo. É como debater racismo inverso e heterofobia, é como debater white power, não faz sentido, velho, puta que pariu!

Rezemos para um mundo menos irracional e com menos playboys vitimistas, certo? E magros, amem-se mais, porque vocês mal percebem que estão na condição de opressores, é tipo os brancos que se fazem de vítima quando passam o ano zoando na escola, daí vão mal no vestibular, não acertam porra nenhuma e põem a culpa na reprovação deles em quem? Na reserva de 5 vagas para negros em um curso. Desculpe-me mas vão se foder! Eu não recebi nenhuma cota (pois fui bolsista em escola particular) mas mesmo assim sou 100% a favor de que existam mais alunos oriundos de escola pública (brancos e negros) nas universidades. Sou a favor das cotas sim, e minha opinião só mudará quando a educação pública for igual ou superior a particular. Fim de papo!

Ah! Lembre-se, magro que você não precisa passar o perrengue de procurar roupas com tamanhos maiores, não tem a obrigação de mandar encomendar peças íntimas ou outras roupas, minha mãe estava hoje falando sobre isso e acabei de lembrar. Bem, passaria o dia listando as vantagens de ser magro na nossa sociedade. Então bora combater a gordofobia! Essa sim existe! E mata!

Beijoões!!!