Francamente, voltei a usar redes sociais nessa pandemia e junto voltou (além de todos os sentimentos negativos que elas proporcionam) todo o questionamento a respeito da moda alternativa.
Vi um post em inglês falando sobre a importância da moda alternativa ser acessível e inclusiva e os motivos pelos quais a moda alternativa deveria ser um refúgio e uma contracultura do capitalismo.
E cara, sim, como isso é problemático!
Hoje vejo que praticamente todos estão no Instagram buscando vestir marcas. Podemos citar inclusive marcas nacionais que ganharam uma reputação mundial. O que é positivo em partes, mas isso não confirma o fortalecimento da cena alternativa brasileira, pelo contrário...
As pessoas continuam sendo elitistas, te julgando por ouvir ebm, metal, cyber ou industrial e agora, como se não fosse suficiente, há a elite gótica do Instagram...
Sim, aquelas meninas que se vestem com muitas marcas e praticamente postam todos os dias no Instagram. Se você não tem uma quantidade X de seguidores ou posta fotos de tal forma, roupas de marca, logo você é taxado como insignificante.
Resumindo, nos tornamos aquilo que mais julgamos: as patricinhas que vivem de imagem e ostentação e julgam quem se veste diferente (????).
Não estou julgando mal as lojas alternativas, mas estou julgando o quanto tudo está indo para um lado muito sombrio (com o perdão do trocadilho). O que antes era considerado alternativo pelo modo de se vestir sim mas, primeiramente pela forma de pensar, acabou indo para uma importância antes de tudo visual.
Eu praticamente me senti um lixo quando eu vi que estava todo mundo atolado de peças de roupas ultra trabalhadas, fazendo diversas maquiagens, etc. Torrando rios de dinheiro com roupas caríssimas, sapatos perfeitos, enquanto eu estava ali com meus DIY e roupas de brechó. E olhe que dificilmente questiono meu modo de me vestir. Mercúrio em leão aqui é forte.
É incrível como as redes sociais boicotem nossa forma de pensar, nos fazem sentir excluídos em meio a tanta gente por simplesmente querer se enturmar em um grupo.
Quantas das pessoas hoje, em meio alternativo não possuem depressão, transtornos de personalidade e ansiedade? E quantos não devem ser justamente por esses motivos?
Estava lendo os posts desse blog essa semana e vi o quanto ter ingressado nas redes sociais me fez tornar refém de um comportamento que não era o meu. O quanto isso é doentio e o quanto esse mundo pode moldar a sua cabeça de forma a pensar que se você não está lá, você é excluído do restante.
Eu fico pensando até aonde eu sou "alternativa". Aliás, questiono se esse mundo ainda me representa! Será mesmo? Eu realmente faço parte de um grupo que busca constante exposição e curtidas na internet como se isso fosse a coisa mais importante neste mundo?
Se isso for ser gótico/headbanger no mundo de hoje, eu não sou isso não. Não me representa e nunca irá me representar. Eu saí do mundo mainstream em busca de liberdade, não de aprovação dos outros para ser aceita.
Se eu soubesse que ao chegar ao mundo alternativo iria ser assim, talvez não teria me intitulado dessa forma, mas sim como indefinida.
Isso foge completamente do ideal que me fez levantar a bandeira alternativa. Para mim o mais importante era a união, a conexão e o fortalecimento do grupo, não a competição de curtidas e números de tatuagens, piercings ou inscritos.
Por isso, eu dei unfollow em uma pá de pessoas que seguia só para parecer legal. Não tenho mais interesse neste tipo de coisa, muito menos em agradar pessoas para esperar que elas reconheçam isso!
Talvez eu esteja amadurecendo e mudando meus conceitos sobre algumas coisas, principalmente com relação à moda.
Continuarei postando sim minhas fotos na internet, não fugirei do Instagram, porque dependo dele para conversar com amigos, mas não sigo mais nenhum tipo de conteúdo direcionado exclusivamente para a aparência.
Pelo amor, somos muito mais que isso.